Se tratando de Tecnologia da Informação aplicada ao
negócio, o setor financeiro no Brasil ganha disparado em termos de montante de
dinheiro investido para fazer o negócio acontecer. Entretanto, o avanço da
transformação digital vem impondo ritmo diferente nas empresas de diversos
setores, como é o caso do Varejo. Aliás, essas duas verticais nunca estiveram
no mesmo patamar de demanda: falar a língua do cliente, mergulhar no digital,
ter eficiência operacional e ser inovador.
E o perfil dos consumidores é um dos fatores para a
explosão do digital no cotidiano dos varejistas. Aqui, não há mais espaço para
amadorismo ou ambientes tradicionais, o Varejo é uma indústria dinâmica e
precisa ser operado da mesma forma. Para o gerente de Marketing da Nutty
Bavarian, Danilo Tanaka, a empresa trabalha com foco no digital, principalmente
nas redes sociais.
“E o retorno é surpreendente, pois a marca conseguiu
encontrar uma linha de comunicação que traz conteúdos interativos, modernos e
interessantes para os consumidores. Nossa equipe é jovem, antenada e apaixonada
pela marca. Isso faz com que sempre busquemos nos atualizar com as novas
tendências digitais”, revela o executivo.
Na Óticas Carol, pioneirismo e inovação são
palavras-chave na estratégia, tanto que a companhia está implantando um núcleo
para acelerar e acomodar, de forma mais estruturada, novos testes e
possibilidades que impactem positivamente o negócio, facilitando a vida do
operacional e do consumidor.
“A tecnologia vem garantindo, ao longo de anos, o acúmulo
de dados e informações de forma cada vez mais rápida, dinâmica e natural aos
olhos do consumidor”, pontua Raquel Pirola, diretora da Marketing da Óticas
Carol. Ela acrescenta que todas as empresas estão entrando na era da
inteligência artificial, que possibilita ler e interpretar de maneira mais
clara e precisa, como essas informações podem ajudar a ter o produto certo, na
hora certa e para o consumidor correto. “Estamos animados e caminhando para uma
Carol cada vez mais relevante para os clientes, com atendimento olho no olho”,
diz.
O Grupo Muffato também tem a tecnologia como grande
viabilizadora dos processos. Com atuação em 17 cidades do Paraná e interior de
São Paulo, a rede vem trabalhando fortemente os investimentos em soluções,
tanto para o backoffice quanto para frente de caixa, mas ao melhor estilho “pé
no chão”.
“As possibilidades de aplicações de tecnologia estão cada
vez mais acessíveis, as soluções estão mais robustas e simples e as
possibilidades são enormes, porém as empresas precisam ficar atentas à
viabilidade de tudo isso, pensando, principalmente, no foco do negócio”, alerta
o gerente de E-commerce e Tecnologia do Grupo Muffato, Fábio Cristiano Donadon.
Segundo ele, o varejo não pode se “embriagar” com a tecnologia e perder tempo e
dinheiro com modismos e soluções que não tragam retorno ou que desviem os
negócios do foco proposto.
O que está por vir?
A visão dos três líderes varejistas corrobora para
entendermos o atual cenário do setor: a tecnologia existe, está disponível,
pode ajudar, mas ela não atua sozinha. Por mais que a transformação digital
tenha tecnologias disruptivas em sua espinha dorsal, o fator humano nunca
esteve tão presente no Varejo. Ainda mais no Brasil, que tem uma população
apaixonada por conectividade e tecnologia.
Segundo uma pesquisa divulgada recentemente pela agência
internacional We Are Social, o brasileiro é quem mais passa tempo na internet,
cerca de 78% dos usuários no País acessam a rede todo dia. O estudo TIC
Domicílios, realizado pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil, aponta que já
somos mais de cem milhões de internautas e para 89% dos entrevistados, o
celular é o principal meio usado para se conectar.
Ou seja, o Brasil já é digital e essa explosão de
conectividade vem de encontro ao ambiente mais tradicional do Varejo. O desafio
aqui é encontrar mecanismos para se reinventar, fazer mais com menos e buscar
inovação não só na tecnologia, mas também em ações de engajamento do cliente e
do próprio colaborador.
Na visão de Silvio Laban, coordenador de MBA do Insper, o
Varejo brasileiro precisa revisitar as estratégias para atuar no mundo
altamente conectado. “Estamos vivendo um forte período de mudanças em que devemos
pensar nas tecnologias que trazem resultados para o negócio. A loja física como
a gente conhece, de fato, vai desaparecer. Mas no mercado tem espaço para um
novo conceito de espaço físico para vendas, que engaja colaboradores e traga
experiência para o consumidor”, pontua Laban.
“O varejo é continuará sendo feito de gente. Propósitos,
princípios, valore e causas formam a cultura da empresa. Líderes engajam
equipes, que por sua vez são capazes de engajar e fidelizar clientes”, completa
Alberto Serrentino, fundador da Varese Retail.
Fonte: Decision Report